(Não) há vagas no CRUSP
Mais um ano se passa sem que o bloco D, desocupado em 2021, seja entregue de volta aos moradores do CRUSP. Mais um ano em que muitas pessoas têm que lidar com a falta de vagas na moradia estudantil por um bloco inteiro estar passando por uma reforma interminável e que custa milhões de reais que poderiam ser direcionados facilmente a criação de políticas mais eficientes de permanência estudantil.
Na calourada desse ano vimos diversos estudantes chegarem das mais diversas regiões do país desamparados por não terem sido contemplados com uma vaga na moradia, precisando travar uma luta intensa para, enfim, conseguirem encaminhamento para os alojamentos do CEPEUSP (Centro de Práticas Esportivas da USP). Fato é que, caso as instâncias burocráticas da universidade, como a PRIP e a SEF, fossem honrosas com seus compromissos eentregassem o bloco D no período estipulado para a reforma, o CRUSP teria um bloco a mais disponível para uso e esses calouros teriam a garantia de um teto sobre suas cabeças.
Além disso, os moradores são privados de qualquer informação a respeito do bloco D como se esse assunto não devesse estar sob nosso conhecimento. Muitos dos cruspianos vivem na incerteza da possibilidade de se mudarem para lá e saírem de seus apartamentos em condições degradantes, outros, inclusive, ainda vivem na esperança de que com o bloco D finalmente vão conseguir acessar o CRUSP.
A reforma do bloco D representa muita coisa, mas acima de tudo representa o fato de que a USP não possui um projeto de expansão de vagas para a moradia estudantil, uma vez que essa reforma se arrasta por 4 anos! Representa também o fato de que a universidade não pretende lidar de forma efetiva com questões relacionadas à permanência estudantil.
No meio do caminho havia cruspianos
A reforma do bloco D começou de maneira violenta, despejando centenas de estudantes de seus apartamentos durante a pandemia que matou milhares de brasileiros por negligência do governo Bolsonaro. As fontes que tratavam desse despejo que ocorria na USP na época reúnem o relato de vários moradores que de repente apenas acordaram com a notícia de que teriam que esvaziar seus apartamentos levando todo o mobiliário e por conta própria buscar outro lugar onde pudessem ficar.
Isso mostra o descompromisso da Universidade de São Paulo com a vida dos estudantes, não só no momento de agora, mas desde o início das obras. Será que nenhuma mente genial da burocracia universitária se perguntou para onde iriam esses estudantes? Se os estudantes despejados não iriam necessitar de um auxílio da universidade?
Chegado aqui, não existe mais dúvida para os moradores de que nem a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento, nem a Reitoria tem o interesse sincero de melhorar a moradia e trazer mais dignidade para os estudantes residentes, muito pelo contrário, o interesse legítimo dessa minoria de engravatados é precarizar e sucatear a moradia estudantil. Frente a isso, resta aos cruspianos organizarem grandes movimentações para pressionar que a obra seja entregue o quanto antes.